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Zélio de Moraes era branco, classe média, e filho de um espírita kardecista. Ele afirma que, em 1920, o espírito que encarnara como o jesuíta Gabriel Malagrita, o Caboclo das Sete Encruzilhadas se revelou a ele e lhe disse que ele seria o fundador de uma nova religião, genuinamente brasileira dedicada a dois espíritos brasileiros: O caboclo e o preto-velho. Ambas essas entidades eram frequentemente rejeitadas e tidas como atrasadas pelos kardecistas. Em meados dos anos 20, Zélio fundou seu primeiro centro de Umbanda e nos anos seguintes vários outros centros de Umbanda foram fundados por iniciativa do seu caboclo que assumira essa denominação porque não haveriam caminhos fechados para mim.
Como Zélio, os primeiros fundadores de centros de Umbanda eram antigos kardecistas e de classe média branca. Eles consideravam o Espiritismo Kardecista inadequado, pois eram médiuns de caboclos e pretos-velhos. Portanto, adquiriram gosto pelos espíritos africanos e indígenas da Macumba, os quais acharam muito mais competentes e eficientes que os espíritos kardecistas para o atendimento e cura de doenças. Além do mais, os rituais da Macumba eram considerados mais emocionantes que as sessões pouco ritualizadas do Espiritismo Kardecista. Se os então kardecistas foram inspirados por certos aspectos da Macumba, entretanto, repeliram outros, tais quais, os sacrifícios de animais, os exus, considerados espíritos ruins, além da conduta frequentemente grosseira e o ambiente social baixo dos centros de Macumba. (Brown 1994: 38-41). É importante frisar que a Tenda Espírita São Jorge, ao contrário das demais fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, sempre realizou sessões de exu, contrariando o ritual estabelecido.
Por seu turno, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que comumente era chamado O chefe pelos seus adeptos, nunca permitiu que seu médium recebesse qualquer tipo de recompensa pelos trabalhos prestados. Portanto, ele nunca exerceu sua mediunidade como profissão. Trabalhava para sustentar a família e muitas vezes para manter as tendas fundadas pelo chefe, que dizia que a Umbanda é a manifestação do Espírito para a caridade.
Em 1967, após 59 anos de atividade junto a Tenda Nossa Senhora da Piedade, entregou a direção dos trabalhos às filhas Zélia e Zilméia, passando a viver no distrito de Boca do Mato, em Cachoeiras de Macacu, a 160 km do Rio de Janeiro, ao lado de sua esposa Dona Isabel, falecida em 1981, médium do Caboclo Roxo. Nesse recanto, privilegiado da natureza, continuou a atender os necessitados do corpo e da alma, na Cabana de Pai Antonio.
Segundo suas filhas Zélia e Zilméia, muitas vezes elas precisaram acolher desabrigados e doentes que seu pai trazia para casa e que de lá só saíam quando estavam curados. Não raro, ficava sem dinheiro para dar às pessoas que batiam à sua porta. Depois de 66 anos de mediunidade, Zélio faleceu no sábado, 3 de setembro de 1975, tendo podido dizer de cabeça erguida:
O Caboclo das Sete Encruzilhadas nunca determinou o sacrifício de aves e animais, quer para homenagear entidades, quer para fortificar a minha mediunidade... Nunca recebi um centavo pelas curas praticadas pelos guias. O Caboclo abominava a retribuição monetária ao trabalho mediúnico. Não há ninguém que possa dizer, no decorrer destes 66 anos, que retribuiu uma cura (e foram aos milhares) com dinheiro.
Ronaldo Linhares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, gravou a última mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas que na íntegra diz o seguinte:
Meus irmãos: sejam humildes. Tragam amor no coração para que vossa mediunidade possa receber espíritos superiores, sempre afinados com as virtudes que Jesus pregou na Terra, para que os necessitados possam encontrar socorro nas nossas casas de caridade. Aceitem meu voto de paz, saúde e felicidade com humildade, amor e carinho.

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